Gatilho mental, você sabe o que é? Uma rápida busca no Google e você vai encontrar diversos artigos sobre esse assunto, porém, a maioria deles estão relacionados a persuasão em vendas. No entanto, esse mecanismo de comportamento também se aplica aos cães, e claro, não com intuito de faze-los comprar algo 🙂
O gatilho mental, está diretamente relacionado ao condicionamento clássico, ocorre de modo natural, com ou sem a intenção do operador, são estimulos incondicionados que, associados a eventos neutros, acabam por condicionar a um comportamento, em outras palavras, são estimulos que disparam comportamentos. Os piscólogos acreditam esse comportamento existe para que o cérebro poupe energia nas tomadas de decisões.
É importante identificar os eventos que desencadeiam as reações indesejadas, e evita-los de modo a minimizar os problemas, seria o mesmo que, como diz o ditado popular, cortar o mal pela raíz.
Ao longo de mais de dez anos de experiência em adestramento, foi ficando cada vez mais evidente a questão dos gatilhos mentais no comportamento dos cães, não vou me aprofundar em teorias, ao invéz disso, vou dar alguns exemplos. Caso você queira se aprofundar no assunto eu sugiro que pesquise sobre a teoria do condicionamento clássico de Ivan Pavlov, e as suas experiências com cães.
Ansiedade por separação:
Os casos de ansiedade por separação, sempre tem um gatilho mental que agrava o comportamento, sendo o pricipal deles a despedida, falar com o cão, a mamãe já volta, e assim por diante. Mas existem outros gatilhos mais sutis relacionados ao seu ritual antes de sair de casa, como o barulho do chaveiro, vestir o sapato, escovar os dentes, etc… Os cães são sensiveis e peritos em linguagem visual e percebem as pequenas mudanças no ambiente, portanto, é aconselhavel que você desensibilize o cão, utilizando desses mesmos estímulos várias vezes por dia e não somente quando for sair de casa.
Cães que fogem de casa:
Em caso de cães que fogem de casa, pode não estar relacionado com o simplesmente com o ato de abrir o portão. Em um dos casos em que trabalhei, descobri que o que estava desencadeando o comportamento era a partida do motor do carro, toda vez que o tutor do cão virava a chave, o cão disparava. O que fizemos nesse caso foi desensibilizar o cão, ligando várias vezes o carro enquanto mantinhamos o cão concentrado em outra tarefa, como comandos de obediência, buscar a bolinha, etc.
Cães que puxam a guia:
Na hora do passeio, é normal que os cães fiquem euforicos antes de sair de casa, afinal de contas, caminhar longas distâncias é algo intrínseco a sua natureza, no entanto, para proporcionar um passeio relaxante e terapeutico, é importante diminuir o nível de ansiedade dos cães, até mesmo para evitar de ser arrastado pelas ruas. Porém, acalmar o cão nessa hora parece um tarefa impossível não é mesmo? Existem alguns gatilhos mentais envolvidos nisso também, o primeiro e mais óbvio, é falar a frase mágica, vamos passear, ou mesmo, o simples ato de pegar a guia na mão. Portanto a maneira de resolver primeiro, é “não“convidar o cão verbalmente para o passeio e segundo é pegar a guia diversas vezes por dia, depois guardar, sem sair de casa.
A hora da comida:
E para os cães muito esfomeados? que não podem nem ouvir o barulho do saco da ração (gatilho mental)? Aposto que com os exemplos que dei anteriormente você já deve imaginar o que deve fazer certo? É isso mesmo, faça barulho com o saco da ração diversas vezes e não dê comida, outra coisa, procure alternar os horários das refeições do seu cão, pra que você não fique refém do relógio. Conheci muitas pessoas que não conseguem nem dormir até mais tarde quando estão de folga, porque o cão fica latindo e raspando as unhas na porta do quarto pedindo comida.
Conclusão:
É importante tentar indentificar quais são os garilhos mentais, ou seja, os acontecimentos que desencadeiam determinados comportamentos. Muitas vezes os problemas se resolvem simplesmente evitando esses eventos ou mesmo dessensibilizando os cães até que o estimulo não cause mais nenhuma reação. Você deve sempre ficar atento ao nível de ansiedade do seu cão, e quando perceber que ele ficou eufórico demais, preste atenção e você irá descobrir o gatilho.
Bons Treinos!
